Thursday, July 17, 2014

Já meu salvei de umas poucas e boas

Sim, ando sumido. Não me perguntem exatamente o que ando fazendo, pois não posso dar detalhes. Cabe lembrar, entretanto, que se a Terceira Guerra Mundial ainda não começou, tenho muito a ver com isso. Podem me agradecer, eu deixo. Ah mundo, como você me dá trabalho!!!.

 Há algum tempo atrás fui a um analista. Tinha um questionamento simples, por que tinha tantos pesadelos com acidentes de avião. Conversa vem, conversa vai, e o analista acabou me dizendo que qualquer outro teria mais pesadelos ainda. Disse que não deveria me preocupar com isso, e que nunca conhecera alguém tão são da cabeça como eu! Vejam só.

Tenho um amigo que tem a mania de insinuar que eu "estou em todas". Diz isso com um certo ponto de interrogação, como se duvidasse de todas minhas narrativas... Juro que seria a primeira pessoa em cuja face esfregaria todas as fotos, cartas, recortes de jornal, revista, telegramas, filmes, vídeos, bilhetes e arquivos secretos que foram ao fundo do mar naquele voo entre Kuala Lumpur e Beijing. Na última vez que o vi, disse-lhe, "Se você acha que estou em todas, que dirá daquelas que me livrei."

Em 1973 eu estava morando em Paris. Além de ser uma cidade fantástica, há muitas facilidades de conexão com o mundo inteiro. É assim hoje, e já era assim naquela época. Sem contar os restaurantes maravilhosos, como o Le Lapin Troubadour, meu favorito. Mas na realidade, não estava em Paris nesse dia, estava indo para Paris.

Mais precisamente, estava no Aeroporto do Galeão. Geralmente, quando viajava para a França, viajava pela Air France. Nada contra a Varig, porém, na Air France me sentia em casa. Naquela vez, viajaria na Varig, não me recordo bem porque.

Estou no aeroporto esperando o voo e vejo o Agostinho dos Santos. Fui falar com ele, sempre gostei do seu estilo de cantar, inclusive toquei em um ou outro disco seu. Me convidou para tocar com ele na Europa, porém, disse-lhe que não podia, tinha muitos compromissos, mas que certamente poderia gravar alguma coisa um dia desses. Daí vi o Scavone. Há tempos que não o via, e queria parabenizá-lo pelo primeiro GP do Brasil, realizado naquele mesmo ano com muito sucesso. Eventualmente embarcamos no voo 820 daquele 11 de julho. Porém, antes de começar a taxiar, entram alguns funcionários da Varig procurando alguém que estava no voo. Esse alguém era eu! Tive uma emergência de família, meu pai passava mal, o Medici mandara avisar, e fui de helicóptero ao seu encontro. Deu no que deu. O voo se acidentou, e embora houvessem alguns sobreviventes é bem capaz que tivesse sido meu dia.

Já em 1977, a sábia decisão de não tomar o voo 4805 da KLM tinha sido minha. A questão das bombas no aeroporto de Gran Canaria me preocupou um pouco, e simplesmente não achei seguro viajar naquele dia. Sorte minha, o avião se chocou com outro da Pan Am, e 585 pessoas morreram.

Nunca fui professor universitário, apesar de um grande número de ofertas no curso dos anos. Nunca tive um PhD formal, embora tenha feito 25 faculdades, porém, por ter estudado uma série de matérias diferentes, alguns professores universitários diziam que eu era um "Super PhD". Assim, quando fui convidado para ministrar um curso na área de administração de empresas, em Nova York, aceitei. Achei a premissa do currículo interessante, e um novo desafio.

Era o ano de 2001, e fui à Harvard conversar com alguns velhos colegas, que me deram algumas dicas para o bom andamento do curso. Acabei resolvendo alguns problemas de matemática e estatística para outros colegas, e logo houve um burburinho, "o Chimentão está em Boston!". Na realidade, naquele 11 de setembro eu iria pegar um dos primeiros voos para Los Angeles, o 11 da American, pois tinha que me reunir com outros ex-colegas, na UCLA. Muitas das coisas que discutíamos não podiam ser faladas ao telefone. Alguns harvardianos me acharam no aeroporto, e adiei minha viagem. Fui salvo pelo gongo mais uma vez!!

Na realidade, fui duplamente salvo. O tal curso seria ministrado no World Trade Center, a partir do dia 23 daquele mês, e naquele mesmo dia eu tinha um horário marcado para examinar as instalações no WTC 2. Adiei por me alongar um pouco em Boston. Ou seja, era para eu estar no prédio naquele 11 de setembro na hora do ataque! Tem gente que diz que eu era o alvo.

Portanto, não é à toa que eu tenha pesadelos com desastres aéreos.